Redução do uso de antibióticos na produção animal: desafios do Brasil

O assunto foi tema de uma mesa redonda realizada no último mês de maio, durante a 34ª Conferência FACTA (Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas)

A conjuntura mundial coloca a redução do uso de antibióticos como um caminho sem volta. E apesar de ser um debate que vem ocorrendo há pelo menos duas décadas, ainda impõe grandes desafios para muitos países. Numa decisão histórica, no último mês de abril, o Conselho Internacional de Avicultura (IPC, sigla em inglês) adotou uma posição global pelo uso responsável e eficaz de antimicrobianos na produção avícola mundial.

Os países associados ao IPC, entre eles o Brasil, concentram 84% da produção avícola mundial. A decisão resguarda a eficácia do uso de antimicrobianos, ao mesmo tempo em que trata sobre resistência a antimicrobianos, bem-estar animal, segurança do alimento e preocupações dos consumidores.

Mesa Redonda ABF – Conferência FACTA

O assunto foi tema de uma mesa redonda realizada no último mês de maio durante a 34ª Conferência FACTA (Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas). O debate reuniu o Dr. Nilton Lincopan, professor e pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP), o consultor independente especializado em soluções para a indústria de alimentos, Leonardo Vega, o diretor comercial da Fazenda da Toca Orgânicos, Fernando Bicaletto, e a médica veterinária, representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Maria Cristina Bustamante.

Lincopan é responsável por uma pesquisa desenvolvida entre junho de 2013 e maio de 2015 (publicada em abril de 2016), que levou à identificação do gene mcr-1, que causa resistência à Colistina (polimixina E), classe de antibióticos utilizados para tratar infecções por bactérias multirresistentes.

O pesquisador alertou sobre o uso da Colistina como promotor de crescimento em diferentes animais de produção no Brasil, com a autorização do Ministério da Agricultura. Segundo ele, existe um relato de 2012, na Faculdade de Medicina Veterinária da USP, do gene mcr-1 identificado em cepas da bactéria Escherichia coli, isoladas de animais de produção. Em 2016, os pesquisadores também reportaram o primeiro caso de infecção humana no Brasil, em um hospital de alta complexidade em Natal (RN).

O pesquisador afirma que, precisamente, países com grandes problemas de superbactérias são os mesmos que têm altos índices de utilização de antimicrobianos na produção animal. “E o Brasil é o terceiro país que mais utiliza antibiótico na produção animal”, frisou. Para ele, é urgente a criação de um programa nacional de vigilância de resistência, tanto na medicina humana como na veterinária.

Lincopan levantou algumas iniciativas necessárias como reduzir, na criação animal, a necessidade de antimicrobianos através da otimização das condições de criação, e reduzir o uso subterapêutico no agronegócio.

Na medicina humana, o pesquisador apontou a necessidade de ações educativas sobre o uso racional de antibióticos tanto junto à comunidade como a profissionais. Destacou também como prioridade melhorar a prescrição, tornar obrigatória a realização de antibiograma para casos de infecções comunitárias e melhorar as políticas de infecção hospitalar e utilização de antimicrobianos.

Regulação ABF

Segundo o consultor independente, Leonardo Vega, hoje o Brasil não tem uma regulamentação clara sobre produção Antibiotic Free (ABF). A solução, segundo ele, é a busca de caminhos alternativos como selos e requisitos privados.

“O que a gente tem, de fato, é a permissão do Ministério da Agricultura para usar alguns aditivos que podem ser substitutos dos antibióticos e também, por parte do Ministério da Saúde, da Anvisa, temos a obrigação de comprovar o que estamos propagandeando nos rótulos”, afirmou.

Sobre o uso de aditivos na ração, o consultor fez referência à Instrução Normativa 13, de 2004, alterada pela IN 44/15, que permite probióticos, ácidos orgânicos, enzimas e óleos essenciais para substituir os antibióticos promotores de crescimento.

Já sobre a regulamentação internacional, Vega citou o regulamento europeu que baniu o uso de antimicrobianos como promotores de crescimento e que também classifica os aditivos permitidos. E informou que na Suíça, o sistema de certificação chamado Alo Free exige, dos países exportadores de frangos e perus, segregação desde a fábrica de ração.

“O Brasil, por atender diversos mercados, está muito acostumado a trabalhar com diferentes demandas, em vários níveis de exigência”, afirmou. “Nós podemos seguir utilizando os antibióticos, que são muito importantes para controlar a sanidade dos plantéis e a saúde pública, ou utilizar essa brecha que o mercado está nos dando para aportar para os consumidores produtos diferenciados”, concluiu.

Produção orgânica

Diante do cenário que se apresenta, a produção orgânica encontra uma oportunidade para se expandir. O diretor comercial da Fazenda da Toca Orgânicos, Fernando Bicaletto, apontou algumas tendências de comportamento de consumidores, apuradas a partir de um levantamento feito em 60 países.

Entre elas estão a consolidação do consumo consciente, ou seja, preocupação sobre de que forma o produto consumido impacta o planeta; a preocupação com bem-estar e saudabilidade; e o retorno às origens, que leva à valorização do alimento básico, da comida caseira.

Bicaletto também falou sobre os preços dos produtos orgânicos no Brasil, que segundo ele ainda são uma barreira para o crescimento desse mercado. Num comparativo com Estados Unidos e Reino Unido, o Brasil, segundo ele, é o que apresenta maior variação nos preços dos ovos orgânicos, comparado aos ovos tradicionais, custando de 100 a 300% mais caro.

Outro dado apresentado pelo representante da Fazenda da Toca demonstra que, enquanto nos EUA a participação de ovos livres de antibióticos no mercado global de ovos é de 4,7%, no Reino Unido essa taxa é de 1% e no Brasil cai para 0,3%. “Como a categoria de ovos especiais vem crescendo entre 30% a 40% ao ano, segundo dados das redes varejistas, se chegarmos ao mesmo percentual de participação dos EUA nos próximos anos, teremos condições de crescer de 15 a 27 vezes o nosso faturamento”, ponderou.

Um dos desafios, segundo Fernando, está na produção de grãos orgânicos, que é insuficiente para atender a demanda. “Existem vários estudos em andamento para reduzir a dependência de grãos, assim como o trabalho conjunto dos produtores de orgânicos para expandir novas áreas geográficas de plantio”, afirmou.

A redução dos custos de produção, que envolve o desenvolvimento de tecnologia de plantio orgânico, é outro desafio a ser enfrentado pelo setor. Segundo Bicaletto, o custo da produção de ovo orgânico é de 90 a 120% mais cara que a do convencional, basicamente pelo consumo de ração que é maior já que as aves são livres.

“Mas essa mudança veio para ficar, essa questão da preocupação com o bem-estar individual e a sustentabilidade do planeta é cada vez mais crescente”, alerta Bicatello. “É um sinal claro para a indústria sobre a necessidade de buscar alternativas eficientes para tornar o produto orgânico mais acessível, mas que a demanda está aí e vai crescer, isso é inevitável”, concluiu.

Regulação de orgânicos

Maria Cristina Bustamante participou, de 2010 a 2016, da coordenação agroecológica no Ministério da Agricultura, na divisão de garantia da qualidade orgânica de produtos e processos. Segundo ela, o instrumento legal que regula a produção orgânica é a Lei 10831/2003 e a Instrução Normativa que regula a produção primária animal e vegetal é a IN 46/2011.

Ela realizou um extenso detalhadamente dos desafios a serem enfrentados em oito quesitos da produção orgânica animal: alimentação, suplementação, medicação, sanitização, ambiente de criação, animais, rastreabilidade – classificada por ela como o coração da produção orgânica- e regularização dos produtores. Também foram apresentadas ações necessárias detectadas pelo Ministério para cada ponto levantado.

A questão da alimentação, segundo Maria Cristina, certamente é a mais crítica. “Nós temos um país tomado por uma produção de milho geneticamente modificado e ele não pode fazer parte da alimentação de um animal orgânico”, afirmou. Segundo ela a Embrapa é vem desenvolvendo estudos na busca de fontes alternativas de nutrição, porém, é necessária a ampliação das áreas produtivas.

Segundo o mediador da mesa de debates, Edir Nepomuceno Silva, que compõe o Conselho Curador da FACTA e presidente da World’s Poultry Science Association (WPSA), “embora o Ministério tenha algum conhecimento do que deve ser feito, estamos muito longe de passar para a questão operacional e normatizar esse ponto”.

Escrito por Priscila Beck / AviNews
https://avicultura.info/pt-br/reducao-antibioticos-producao-animal-desafios-brasil/

Conferência FACTA 2017 – A Avicultura Brasileira Superando Desafios

Palestra: Desafios regulatórios na produção de frangos Antibiotic Free.

Meu agradecimento às Especialistas de Assuntos Regulatórios da F&S Consulting pelo suporte técnico – Glória Santos e Angela Grandin.

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Nossa empresa trabalha em rede sendo um guarda-chuva onde pessoas competentes encontram espaço para inovar

Formado em Medicina Veterinária pela Universidade Luterana do Brasil, Leonardo Vega é fundador da F&S Consulting, uma empresa altamente especializada em soluções para a indústria de alimentos. Com atuação na Europa e na América Latina, a F&S Consulting possui uma rede de profissionais respeitada internacionalmente, atuando nas áreas de produção animal, bem-estar animal, qualidade, higiene e segurança de alimentos, assuntos regulatórios e intermediações para o comércio internacional de alimentos.

Se o currículo impressiona, o trabalho para chegar até ele não é menos impressionante. Vega atuou na iniciativa privada na área de qualidade de alimentos de origem animal. Após formado, trabalhou na Avipal, Perdigão, Sadia e posteriormente na BRF. Ali, o médico veterinário acumulou o conhecimento de fábrica necessário para entender as reais necessidades das empresas.

O trabalho na iniciativa privada também possibilitou contato com pesquisadores de universidades interessados em trazer para o mercado de trabalho, a pesquisa não apenas acadêmica, mas aquela que possibilitasse inovação e resultado, algo que Vega sempre prezou. Com o intuito claro de inovar, Vega decidiu que era hora de aliar seus conhecimentos e seus contatos a um projeto maior e audacioso. Vindo de uma família de funcionários públicos, o medico veterinário precisou de coragem para tomar a decisão de abrir uma empresa num ambiente onde não havia ainda empresários. Para quem pensa que foi simplesmente uma jogada de risco, engana-se.

Metódico e acurado, Vega estudou a fundo o mercado no qual pretendia se inserir. Mudou-se para Dublin, na Irlanda, onde teve a oportunidade de pesquisar mais e estreitar laços. Da ideia do negócio ao funcionamento da empresa em si foram dois anos de avaliações, considerações sobre riscos, estudos sobre concorrentes, balanceamento de pontos fortes e fracos e prospecções. “Coragem é fundamental. Mas não adianta você abrir um negócio num segmento que você não se encaixa, que não tem paixão e não faz sentido para você. O que acontece nesses casos é que o concorrente o engole”, avisa.Vega afirma que para qualquer trabalho dar certo a pessoa tem que se enxergar nele por muito tempo, tem que se interessar e se atualizar. Foi com esse pensamento, e com esse trabalho detalhista, que surgiu a F&S Consulting. Para ele, o grande diferencial da empresa é que, aliado ao conhecimento metodológico proporcionado por anos de trabalho na BRF, Vega adicionou o conhecimento do “chão de fábrica”. “Metodologia sem prática não funciona. E, vice-versa”. “Procurei entender o Mercado, oferecer inovações e um trabalho acima das expectativas”.

A coragem para a mudança veio, segundo o veterinário, da vontade de ser livre do ponto de vista da ação. Foi um desembarque planejado, baseado na necessidade de resolver problemas maiores das empresas. “Eu realmente quis oferecer inovações além das que estavam disponíveis. E, com a equipe de consultores que montei, isso tem sido possível”. Questionado sobre como imagina o futuro da F&S em cinco anos, ele é categórico: “nos imagino fortalecendo o caminho que trilhamos, o de oferecer soluções múltiplas para a industria de alimentos”.

Para ele, o fundamental no mercado de hoje é entender como se trabalhar em rede, numa estrutura onde não existam fronteiras, mas sim, se unam ideias. “Procuramos fazer da nossa empresa um guarda-chuva onde pessoas competentes encontram espaço para inovar”, afirma. Vega afirma que somente a partir desse conceito, com uma leitura mais abrangente do cenário, onde todas as partes trocam conceitos entre si, é possível fazer uma empresa crescer. “Você precisa do conjunto e precisa que esse conjunto esteja motivado a pensar soluções que os outros não pensam. Estamos sempre estudando, pesquisando e observando o cenário. Nosso objetivo é sempre entregar mais do que a expectativa”, finaliza.

Fonte: EpVet

Bem-estar animal: a garantia que faltava para indústria e consumidor

Ele fundou uma empresa focada nas lacunas científicas existentes nos processos produtivos das indústrias de alimentos de origem animal. O trabalho consiste em validar os sistemas de insensibilização em frigoríficos, principalmente na Europa.

Formado pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), no Rio Grande do Sul, o médico-veterinário Leonardo de La Vega, que há mais de dez anos estuda o bem-estar dos animais de produção, está à frente de um importante avanço da Medicina Veterinária. Junto com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), desenvolveu um equipamento capaz de captar o sinal elétrico cerebral dos animais no momento do abate. Com isso, é possível monitorar se o animal sentiu dor e, assim, garantir o abate humanitário na indústria.

Morando em Dublin, na Irlanda, Vega, que também é membro da Comissão de Bem-Estar Animal da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e pesquisador na University College Dublin (UCD), contou à revista Veterinária & Zootecnia como seu trabalho inovador vem mostrando resultados na prática. (…)”

Leia a matéria na íntegra em: http://www.carnetec.com.br/Industry/News/Details/68054

Dra. Moira fala sobre carreira e bem-estar animal

Atuando atualmente como consultora de bem-estar animal na F&S Consulting, Moira teve uma importante passagem na Frangosul – JBS, no qual permaneceu por dez anos e chegou ao cargo de coordenadora corporativa agropecuária.

A passagem pela multinacional proporcionou a Moira a certeza das reais necessidades de uma empresa contar com um profissional habilitado para atuar com o bem-estar animal.

“Como uma ferramenta de qualidade da indústria, isso é fundamental. Porém, muitas vezes, as empresas acabam não avaliando essa necessidade”, destaca. Ela reforça ainda que não investir em bem-estar animal traz prejuízos. “A cadeia tem que estar interligada”, completa.

Para a consultora, em pouco tempo será imprescindível que as empresas contem com profissionais altamente capacitados para promover o melhoramento na qualidade de produção.

Leia a matéria na íntegra aqui.

Leonardo Vega é homenageado por empreendedorismo

No último mês de setembro, o Diretor da F&S Consulting, o médico veterinário Leonardo Thielo de La Vega, foi homenageado na categoria empreendedor do ano, durante o Prêmio Destaque Medicina Veterinária e Destaque Zootecnia 2016, realizada pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Rio Grande do Sul. A cerimônia de premiação aconteceu na Casa do Médico Veterinário, localizada no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, durante a realização da 39º Expointer.

Foram premiados também o Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro/MAPA), o Centro de Informação Toxicológica (CIT), o Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPRO / UFRGS), o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (SINDAN), o promotor de justiça Mauro Rockenbach (Ministério Público do Rio Grande do Sul) dentre outros.